Movimento liderado pelo vereador Rick Azevedo mobiliza trabalhadores em defesa de uma jornada mais humanizada
Nesta sexta-feira (15), Curitiba foi palco de uma manifestação em defesa do fim da escala de trabalho 6×1, que prevê seis dias de trabalho seguidos por apenas um de folga. Organizada pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), a manifestação começou na Praça Santos de Andrade e percorreu ruas do Centro, culminando no Shopping Estação, onde centenas de pessoas, com cartazes em mãos, reivindicaram mudanças na legislação trabalhista.
A iniciativa, que ganhou força nas últimas semanas, é capitaneada pelo vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ), popular no TikTok, e conta com o apoio de parlamentares como a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). Hilton conseguiu as assinaturas necessárias para protocolar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pretende reformular a jornada de trabalho no Brasil.
Redução da jornada semanal: de 44 para 36 horas
Em vigor desde 1943, a jornada semanal de 44 horas, regulamentada pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), é o principal alvo da PEC. A proposta visa estabelecer uma carga horária máxima de 36 horas semanais, divididas em uma escala de 4×3: quatro dias de trabalho para três de folga. O modelo, segundo os idealizadores, garantiria mais equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, proporcionando mais tempo para lazer, convívio familiar e capacitação profissional.
Divergências e propostas alternativas
Apesar do apoio popular, o projeto enfrenta resistência, especialmente do setor empresarial, que argumenta que a mudança pode elevar custos e, consequentemente, os preços de produtos e serviços. No entanto, dentro do próprio Congresso, há discussões sobre alternativas. O PSB, por exemplo, propõe um modelo intermediário de 5×2, considerado mais ajustado à realidade do mercado.
Apoio parlamentar do Paraná
Dos 30 deputados federais do Paraná, apenas seis assinaram a PEC: Carol Dartora, Gleisi Hoffmann, Tadeu Veneri, Welter e Zeca Dirceu, todos do PT, além de Luciano Ducci, do PSB. A baixa adesão reflete a dificuldade de angariar apoio suficiente em estados com grande representatividade do agronegócio e da indústria, setores que podem ser impactados pela medida.
Um longo caminho no Congresso
A tramitação de uma PEC exige um longo processo legislativo. Primeiro, a proposta precisa ser admitida pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Em seguida, será analisada por uma comissão especial antes de ir a votação no plenário da Câmara, onde são necessários 308 votos dos 513 deputados. Após aprovação na Câmara, o texto seguirá para o Senado, onde precisará do apoio de 49 dos 81 senadores.
Mobilização nacional continua
Enquanto isso, o Movimento VAT promete manter a pressão sobre os parlamentares. As redes sociais têm sido ferramenta crucial para mobilizar a opinião pública, e novas manifestações devem ocorrer em diversas capitais do país. Para os líderes do movimento, o debate sobre a jornada de trabalho não é apenas uma questão econômica, mas sim de dignidade e qualidade de vida para milhões de trabalhadores brasileiros.
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