Uma das principais preocupações de saúde pública, os acidentes de trânsito continuam sendo responsáveis por grande parte dos internamentos hospitalares e mortes no Brasil. Na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), a situação tem se agravado. Dados recentes apontam um aumento de 20% nos sinistros nas últimas seis semanas, pressionando os leitos hospitalares e os serviços de emergência.
Diante desse cenário, a Secretaria para o Desenvolvimento da Região Metropolitana de Curitiba está implementando uma série de ações para conter a escalada dos acidentes. A proposta faz parte da estratégia de ampliação do Programa Vida no Trânsito (PVT), que já apresentou resultados expressivos em Curitiba, como a redução de 54% nas mortes por acidentes desde 2011. Naquele ano, foram registradas 310 mortes nas ruas da capital paranaense; em 2024, esse número caiu para 141.
Agora, a meta é levar essa redução para os municípios vizinhos. O secretário Thiago Bonagura destaca que a mobilização inclui o reforço do diálogo institucional e o estímulo à participação da sociedade. As medidas fazem parte do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (PNATRANS), criado pela Lei 13.614/18, que busca reduzir em 50% os índices de mortos e feridos até 2028.
“Todos estamos sensibilizados com as tragédias noticiadas recentemente. Mesmo com os avanços em Curitiba, ainda temos desafios. No ano passado, 32,3% das mortes ocorreram por falha humana, excesso de velocidade, uso de celular ao volante e desrespeito à sinalização”, afirmou Bonagura.
Entre as ações previstas para 2025 estão:
• Raio X do Trânsito na RMC, que vai mapear com precisão os pontos críticos da região
• Grupo Técnico do PNATRANS RMC, que deve elaborar até setembro um plano de ação regional com indicadores baseados nos seis pilares do plano nacional
• Campanha RMC Vida no Trânsito, com blitze educativas, mensagens em painéis eletrônicos e mobilização nas redes sociais, em parceria com Detran PR e Polícia Rodoviária Federal
• Observatório Metropolitano de Sinistros, com integração de dados de diferentes fontes (prefeituras, estado e hospitais) para monitorar riscos em tempo real
• I Fórum Metropolitano de Segurança no Trânsito, previsto para acontecer após a conclusão do Raio X, com o objetivo de pactuar metas com os 29 municípios da região
Para o superintendente de Trânsito de Curitiba, Bruno Pessuti, o momento é propício para que os municípios trabalhem de forma articulada. “Estamos propondo a criação de um seminário entre os secretários de trânsito da RMC. Acreditamos que ao compartilhar experiências e unir esforços, conseguiremos alcançar melhorias reais na segurança viária”, afirmou.
Com mais de 3,7 milhões de habitantes circulando diariamente entre os 29 municípios da RMC, sendo nove deles conurbados, as autoridades reforçam que soluções isoladas não são mais suficientes. A aposta agora é em um pacto metropolitano, com ações integradas que vão da educação à engenharia de tráfego, unindo prevenção, fiscalização e cuidado com as vítimas.
Enquanto isso, os acidentes continuam chamando a atenção. Na mesma semana em que o plano foi anunciado, um caminhão carregado com pneus tombou na BR 277. Toda a carga foi saqueada, e o episódio reforça a urgência de medidas que envolvam não só o comportamento no trânsito, mas também a postura da população diante de situações de risco.
As autoridades esperam que, com o envolvimento de todos os entes municipais e estaduais, seja possível reverter a tendência de aumento nos acidentes e garantir mais segurança nas vias da Grande Curitiba.
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