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Terça-feira, 14 de Janeiro de 2025
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Ser grato e perdoar pode reduzir hipertensão, sugere estudo

Estudo brasileiro mostra que cultivar sentimentos positivos pode ajudar a controlar a pressão arterial e melhorar a saúde vascular

Ser grato e perdoar pode reduzir hipertensão, sugere estudo
Imagem: Divulgação
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Um novo estudo, apresentado no Congresso Brasileiro de Cardiologia em setembro de 2024, sugere que o estímulo a sentimentos positivos como otimismo, perdão, gratidão e propósito de vida pode ter efeitos significativos na redução da pressão arterial. A pesquisa, chamada Feel, também foi apresentada na Sessão Científica Anual do American College of Cardiology, em abril do mesmo ano, e tem atraído a atenção da comunidade médica por seus achados promissores.

Conduzido pela cardiologista Maria Emília Figueiredo Teixeira e sua equipe da Universidade Federal de Goiás (UFG), o estudo envolveu 100 pacientes hipertensos, todos atendidos no Ambulatório de Hipertensão da UFG. Os pacientes foram divididos aleatoriamente em dois grupos: experimental (51) e controle (49). A pesquisa buscou avaliar a influência do cultivo da espiritualidade – sem ligação religiosa – na pressão arterial e na função endotelial, medindo a dilatação mediada pelo fluxo, um indicador da saúde vascular.

Durante as 12 semanas do estudo, o grupo experimental recebeu mensagens diárias e vídeos via WhatsApp com conteúdos voltados ao estímulo de sentimentos como gratidão e perdão. Eles também foram incentivados a refletir e escrever sobre esses sentimentos. Ao final do período, os resultados foram animadores: houve uma redução média de 7,6 mmHg na pressão arterial sistólica do grupo experimental, além de melhorias na pressão sistólica central (aórtica) e na função endotelial.

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Maria Emília destaca que essa queda é significativa e, se mantida a longo prazo, pode ajudar a prevenir doenças graves, como infartos e derrames. “Esse é o melhor parâmetro para avaliar intervenções de curto prazo e não medicamentosas. O resultado foi uma queda de uma boa magnitude da pressão arterial”, afirmou a cardiologista. A metodologia foi publicada nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, mas os resultados ainda aguardam divulgação completa.

Embora o Feel seja um estudo piloto, Teixeira acredita que ele traz uma nova perspectiva sobre a importância da espiritualidade e dos sentimentos positivos na saúde cardiovascular. Segundo ela, o próximo passo é realizar pesquisas em maior escala para confirmar esses achados e fortalecer o campo de estudo.

 

Impactos Práticos e Futuros da Pesquisa

Para o professor Álvaro Avezum, da USP/Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, os resultados são promissores. Ele sugere que, embora ainda seja cedo para incorporar a espiritualidade de forma estruturada na prática clínica, os profissionais de saúde já podem considerá-la como um aspecto relevante ao abordar seus pacientes.

 

Avezum explica que espiritualidade, no contexto médico, não se refere a religiosidade ou misticismo, mas a um conjunto de valores e atitudes que influenciam diretamente o bem-estar emocional e mental do indivíduo. Esses fatores, segundo o médico, podem ser mensurados e têm impacto direto na longevidade e na saúde física. Ele aponta que sentimentos como propósito de vida e altruísmo estão associados a uma melhor qualidade de vida, enquanto raiva e solidão aumentam os riscos de doenças crônicas, como diabetes e insuficiência cardíaca.

 

Espiritualidade e Medicina: Uma Tendência em Crescimento

O interesse pela relação entre espiritualidade e saúde tem crescido, tanto no Brasil quanto em outros países. Em 2015, pesquisadores no Japão identificaram que pessoas religiosas tendiam a adotar hábitos de vida mais saudáveis e apresentavam melhores perfis metabólicos, reduzindo o risco de doenças cardiovasculares. Outro estudo, realizado em diversos países entre 2020 e 2021, mostrou que o ato de perdoar reduz sintomas de ansiedade e depressão, contribuindo para uma melhora na saúde mental.

 

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), através do seu Departamento de Espiritualidade e Medicina Cardiovascular (Demca), tem levado o tema a todos os seus congressos, destacando a importância da espiritualidade como fator complementar nos cuidados com a saúde.

 

Para Helena Carneiro Leão, do Conselho Federal de Medicina (CFM), a abordagem integral do paciente, que inclui aspectos espirituais, favorece a relação médico-paciente e pode agregar valor ao tratamento. Ela destaca que espiritualidade não deve ser confundida com religiosidade, mas sim entendida como um conjunto de valores e crenças pessoais que contribuem para o equilíbrio emocional.

 

Com os primeiros resultados do estudo Feel abrindo novas possibilidades, a comunidade médica brasileira segue observando o desenvolvimento dessa abordagem inovadora. No futuro, estudos maiores poderão fornecer as evidências necessárias para que a espiritualidade seja formalmente incorporada às práticas clínicas, trazendo benefícios mensuráveis para os pacientes.

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